quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Mundo Meu

Mundo Meu

Tantos dias vividos num mundo que é só meu e que só eu conheço. Chega a tornar-se impenetrável, o qual não consigo revelar com exactidão e clareza a ninguém. É um mundo que só eu conheço. Intransmissível. Inconfessável. Muitas vezes indefinido.
Resido lá, de vez enquanto. Nele encontro um pequeno assento de cortiça e uma parede com nuvens pintadas num fundo azul. É aí que estou muitas vezes.
Olho e não sei o que escolher. Com que estado de espírito estás hoje? Pergunta-me, dia após dia. (É verdade. Nós e a dependência dos estados de espírito. Em que se transformam os nossos dias, muitas vezes, por causa desses desequilibrados e inconstantes estados de espírito...)
A decisão é pouco determinada e fico sem realmente saber se escolhi bem, se a alma ficará realmente saciada com aquelas palavras. Preciso de palavras para viver. Procuro-as em todo o lado, procuro-as para descrever o que sinto, procuro-as para dar um significado aos outros... a mim. Mas isso é outra história!
Olho em meu redor e não vejo palavras! Incrível! Como é possível? Preciso de as ler, preciso de as absorver, preciso, agora, já. Onde estão?
E é neste desespero e ansiedade que te vejo passar por mim. Agarro-te. Agarro-te fortemente. "Anda! Tu que dás vida às palavras como nenhum outro. Vem para este mundo de indefinições. Preciso que me ensines."
Do assento de cortiça passo para o baloiço de madeira. Deixo o palpável e terreno e permito-me imaginar que ali, somente ali, os prédios não são altos e existem casas com verde em redor, ali, não existem borboletas mas eu toco-lhes.
Neste pequeno e mundo meu, há alienação e desencontro com a realidade, mas estou lá. Muitas vezes. Só eu o entendo. Só eu sei.
Vagueio sozinha. Encontro-me. Sou eu.

16 Novembro 2005

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