segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Todas as manhãs

“Um homem de idade já bem avançada veio à Clínica onde trabalho, para fazer um curativo na mão ferida".
Estava apressado, dizendo-se atrasado para um compromisso, e enquanto o tratava perguntei-lhe sobre qual o motivo da pressa. Ele disse-me que precisava ir a um asilo de anciãos para, como sempre, tomar o café da manhã com a sua mulher que estava lá internada.
Disse-me que ela já estava há algum tempo nesse lugar porque tinha Alzheimer, bastante avançado.
Enquanto acabava de fazer o curativo, perguntei-lhe se ela não se alarmaria pelo facto de ele estar a chegar mais tarde.

- Não - disse ele. - Ela já não sabe quem eu sou. Faz quase cinco anos que não me reconhece.

Estranhando, perguntei-lhe:

- Mas, se ela já não sabe quem o senhor é, porquê essa necessidade de estar com e ela todas as manhãs?
Ele sorriu e dando-me uma palmadinha na mão, disse:
- É. Ela não sabe quem eu sou, mas eu contudo sei muito bem quem é ela.

Os meus olhos lacrimejaram enquanto ele saía e eu pensei: -"Essa é a classe de amor que eu quero para a minha vida".

O verdadeiro amor não se reduz ao físico nem ao romântico.

O verdadeiro amor é a aceitação de tudo o que o outro é, do que foi, do que será e... do que já não é...".

26 Julho 2005

Um comentário:

Anônimo disse...

porque é que isto me parece uma lição para alguém?!?!

Além disso, o episódio é certamente d emocionar! Esse sim, também será o amor que desejamos...

Beijinhos sunshine!

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