Tudo o que não se dá
Quero partilhar contigo palavras sábias...palavras escritas por uma pessoa encantadora, Laurinda Alves
Começa assim,
Começa assim,
Tudo o que não se dá, perde-se. A frase é célebre e foi dita e repetida pela Madre Teresa de Calcutá, mulher lendária pelo seu desapego às coisas e pelo seu amor às pessoas.
Tudo o que não damos aos outros, perde-se dentro de nós. Julgo que esta é uma leitura possível da frase de Madre Teresa, pois imagino que era neste sentido que ela falava. Não se trata de dar para que as coisas não se percam ou desvalorizem, mas de dar para ficarmos interiormente mais ricos. Aliás, mais do que dar bens materiais, objectos ou acessórios, acredito que se trata de dar de nós mesmos. De nos darmos aos outros, de sermos capazes de viver uma vida partilhada, de pensar nos que estão à nossa volta e de não nos fecharmos sobre nós próprios e os nossos problemas.
Atravessamos tempos extraordinariamente difíceis e todos sentimos demasiado sofrimento ou desconforto em nós e nos outros. As pessoas voltam de férias tão ou mais cansadas do que estavam quando partiram, uns queixam-se de que a vida não lhes corre pelo melhor, outros de que tudo é difícil e, outros ainda, de dores várias. Dói-lhes o corpo e a alma. Não dormem, não sossegam, não conseguem aliviar o seu sofrimento e, sem querer, cavam mais fundos todos os abismos de dor, de solidão e de incompreensão. Os seus e os dos que estão à sua volta. Tudo o que não se dá, perde-se. Fica para sempre perdido porque é impossível resgatar um gesto, um olhar ou uma atenção que não se teve no momento certo. Podemos tentar repor aquilo que não soubémos dar e até podemos dar em dobro ou triplo mas nada é tão enriquecedor para nós e para os outros como aquilo que se dá quando é preciso. Quando alguém precisa.
Tudo o que não se dá, perde-se. Perde valor, ganha peso e ocupa espaço. Acontece com as coisas que acumulamos em casa ou ao longo da vida mas acontece, especialmente, com tudo aquilo que guardamos dentro de nós por não sabermos dar, por não conseguirmos dizer, por não sermos capazes de confiar ou ser difícil entregar.
Alguém disse um dia que esta frase tão simples encerra mais do que muitos tratados existenciais, filosóficos e teológicos. E, de facto, diz quase tudo.
Que bom existirem pessoas simples, capazes de gestos sinceros e de frases tão sábias.
15 Abril 2005
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