sexta-feira, 2 de março de 2007



















Contaste-me tantas coisas que preferia não saber.
Olhaste-me nos olhos e começaste a falar. Que o teu nome era Guida e que o teu maior sonho, desde pequenina, era teres um quarto com janela. Provinhas de uma família pobre e a tua casa era um moinho. Foi lá que nasceste. A tua mãe fugia às escondidas, por entre milheirais, abraçava o teu pai e foi nesse momento, sob o pó da farinha e grãos de trigo ou outros cereais, por meio desse amor, que foste concebida. Tens muitos irmãos.
O teu pai gostava do teu cabelo comprido percorrido pelo vento e que vestisses camisolas de gola alta e calças de ganga. Sempre que podias levavas-lhe rebuçados, ele adorava rebuçados.
Desde que ele desapareceu que o imaginas sempre a chegar, estejas onde estiveres.
Depois de saberes que morrera que nunca mais conseguiste comer sem o pensamento de que ele "terá morrido à fome" e, assim, paras de comer...
Não soube o que te dizer. O que se diz numa situação destas?

04 Outubro 2006

3 comentários:

Anônimo disse...

olha... emocionei-me.
o que fazer quando a espera é eterna?
há resposta para isto?!

Anônimo disse...

Realidade ou ficção? De uma maneira ou de outra, é arrepiante...

Anônimo disse...

Todos somos especiais! Pelo passado, pela vida que temos e de como encaramos as coisas, como vivemos as pequenas coisas! Quando alguém partilha o sofrimento connosco sentimos assim, a impotência de reagir porque podíamos ser nós...

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