sexta-feira, 20 de abril de 2007





-Já não gosto de ti. Se é que algum dia gostei...

-Deixa-te de patetices!

- É verdade...

- E eu não acredito.

- Tu não queres acreditar, é diferente, dá-te jeito.

- Não me provoques.

- Quem me dera viver, tal como antigamente, até aos 30 anos. Podia trabalhar, desde muito novo, na lavoura e andar descalço, porque só o menino que vinha da cidade tinha uns sapatos e uma bicicleta; podia não brincar como os meninos brincam hoje e muito cedo saber o que é disparar uma arma; uma sardinha para 4 irmãos e dormir num colchão de palha junto dos animais; ver o meu pai partir para França em busca de sustento, uma mãe só e muitos filhos, filhos rebeldes, que mal saiam da escola iam trabalhar até de noite. E o meu pai? Estudava em cima de uma arca velha, ao som do bicho da madeira e sob um candeeiro a petróleo. Vê-se o brilho dos seus olhos quando diz : "só com um candeeiro de petróleo"!... Mas não havia tempo para "vazios" e desgostos e parvoíces como estas...

- Olha, Olha! Logo tu que vives desafogadamente: rodeado de amigos, viagem a Londres e Barcelona de mês-a-mês, uma piscina e alguém que te trate do jardim, tudo e mais um par de botas! E existo eu! O que te falta?

- O teu "tudo" é o meu "nada".

- Como assim?

- Pensa.

- Sim?! Mas o que te falta?

- Amor.

2 comentários:

Anônimo disse...

Como eu percebo, nunca me senti como agora... e no fundo tenho tanto com que ser feliz,um filho lindo(do melhor) mas existe um vazio que não consigo ocupar!
Estou triste! E não consigo
soluções...?!?
Acho que estou a precisar de ajuda!
Mas quem?...

Pimenta

Anônimo disse...

viver com essa realidade todos os dias...ver dois rostos que poderiam ser tudo ou nada na vida...mas têm a irmandade do trio que os ama incondicionalmente...
perguntas!será que ela não percebeu...conheço essas palavras tão bem como tu e ela...

Benjamim

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