terça-feira, 26 de junho de 2007


Sublinho com a caneta em luta contra os grãos de areia - fenómeno exclusivo - um acaso único, espero impaciente que a esfera perca a vergonha, munindo-se de armas e tinta e contra o atrito do papel beje, e avance por ali fora. Começa o típico choro, só que desta vez rodeado de muita areia. Haverá vida mais perfeita? Não acredito.
O amante da escrita deixou marcas aqui, de lado esquerda e direita: "quantos, do que sou eu, fazem amor? Porque motivo me torno outro quando o tempo muda? O que espera ele? POR QUEM ESPERA ELE?"

Parou de escrever para continuar a leitura

(tal como o fumador compulsivo que deixa de mastigar e na quinta garfada pára para inalar o veneno que o mata)

sob a desculpa de que está cheio

(de si)

por isso permanece sob a desculpa de que está cheio

(da vida que não-se-atreve-esforça-sequer-a-mudar)

e permanece sob a desculpa de que, se parar de comer, essa pausa lhe dá fôlego (mentira)

Concretizando

(hoje li esta palavra nos apontamentos da faculdade que "concretizava" as formas de alcançar uma vida plena)

por isso permanece na repetida desculpa de que está iminentemente cheio de

( dormir virado de costas a somar silêncios

de não saber dizer-não

ou cuspir para a valeta)

não amar

e tão vazio de tudo

não há espaço para mais (nada)


Um comentário:

Anônimo disse...

há muito tempo que não circulava por estas «bandas»...
Na vida e na literatura em especial deixei-me apaixonar por vários autores fantásticos, e neste momento recordo 2 em especial (ambos brasileiros por sinal!!) o Jorge Amado e o Paulo Coelho. Este último tem uma expressão parecida com isto «deus concede-nos todos os dias para além do sol, a oportunidade de mudar o que nos deixa infelizes».
talvez seja o receio da mudança, da paixão que impede o ser humano de dar o passo decisivo....não há como os estoicos «Nada te inquiete nada te peturbe», não te deixes apaixonar.....

carpe diem

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