quarta-feira, 20 de junho de 2007

depois...



toco numa rosa como se da tua pele se tratasse
parece veludo. macia e permanece inalterável, bela
tal como tu.
….

levantas a ponta do casaco que começa a deslizar pelo chão, é a tua embriaguez que te leva ao desequilíbrio – um desequilíbrio perfeito.

manifestas com as tuas mãos a tua alma - perdidamente agitadas - e foges por entre os bailarinos, com peles e fitas brilhantes que traçam no ar o símbolo da tua alegria e exuberância ilimitadas, e puxas a minha mão e sinto a tua como se fosse o testemunho que tenho de agarrar e guardar religiosamente

as extremidades de nós perdem sensibilidades
o olhar fica obtuso
difundem-se as linhas em mil cores de um espectro visual extravagante,
os teus olhos deixam de ser castanho claro
(de que cor são os teus olhos?
prefiro procurá-los na tua alma )

dizes que são amarelos, que a íris é preta e oval - tal como um extraterrestre – e as pupilas são rasgos de sangue que alastram, assim que se aproximam do dia
(os rasgos de coragem no teu olhar)

e as mãos perdem a sensação de frio e o corpo que as acompanha entra na mesma dança e, numa sintonia desajeitada, nada derramam

(nem o sangue dos meus olhos)

A mente alcança-nos, e voa

num desequilíbrio perfeito,

o nosso

e na tela projectam-se movimentos ao som do tango, interligam-se sensualmente com pormenores e formas que fazem a dança parecer quente rara misteriosa
(O que te impede de seres tu?)

a areia encobre o agitar envergonhado dos pés, e-as-mãos-e-braços, em perfeita simbiose com a maresia que se derrete na neblina ao anoitecer

um perfeito desequilíbrio…
os companheiro de voos

Nenhum comentário:

Visitantes: