terça-feira, 18 de setembro de 2007

"Não sei fingir que amo pouco quando em mim ama tudo." Virgílio Ferreira


" O amor nunca é uma depedência, é uma abundância e parece que nós continuamos a viver o amor por carência. Metemos no amor tudo o que não sabemos onde meter. Metemos no amor a solidão, a afirmação pessoal. (...) sou contra as mulheres que precisam de um homem para se afirmarem (...)"
Inês Pedrosa, Nas tuas mãos


"Prefiro esquecer, esquecer-te até se preciso for, para viver como tu vivias, apreciando cada momento - sobretudo os dolorosos, pela lucidez que trazem como bónus - desta tão precária maravilha a que chamamos existência. Tantas vezes te aconselhei as virtudes do silêncio. Queria calar-te para te proteger, sim. Há poucas pessoas apetrechadas para a verdade - mesmo nós, quantas vezes não fechámos à chave umas verdadezitas mais cobardes para não nos magoarmos? Creio que me fazes - schiuuu! - assim, com um vagar de embalo, sempre que a voz da minha consciência ( seja lá isso o que for) sobe o tom para me acusar pelo que não te dei. Creio sem crer, como um condenado. Afinal de contas, não tenho nada a perder. Mesmo que os anjos não existam, as asas com que te vejo, sentada na beira da minha cama, do cume enlouquecendo da minha insónia, ficam-te melhor do que todas as toilettes. Esforço a imaginação, estendo-a até aos teus dedos, mas não consigo mais do que um ligeiro raçagar de asas. São lençóis que agito, bem sei - mas não me concederás a graça de transformar a fímbria do meu lençol na ponta dos teus dedos?"
Excerto do livro de Inês Pedrosa, Fazes-me Falta

2 comentários:

pipa disse...

Muito bonito...gostava de conseguir expressar assim a minha dor...se ao menos me fizesse sentir melhor..

Joaquim Maria Castanho disse...

Perder o outro que há em nós é um pecado maior que o esquecimento, que, de todos os pecados, segundo afirmara Céline é de todos o mais infame. Em "Fazes-me Falta", de Inês Pedrosa, enquanto crónica masculina de uma paixão feminina, essa dor avoluma-se no segredo da ruminação... Como em qualquer onde a ciclotimia das emoções se espraia, que nem ondas sobre a areia de ser

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