terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Provoco danos, não sabendo se irreversíveis, ao tentar unicamente estrangular por pensamentos a bondade. Provoco esses pensamentos como quem foge do local do crime e volta para o recordar. Provoco, são labirintos meramente. Em que chegar ao ponto de partida jamais se fará pelo mesmo caminho. O fim não é difícil, prevejo que o que será mais difícil é recordar o mais importante: o caminho menos percorrido! - e quem quer chegar ao fim? A morte. A hipótese de um recomeço? A vingança do sofredor? (…) Pediste a mão que era para ser uma mão-dada-inteiramente-dada-no-momento-exacto, eis o reflexo oposto, um não-gesto-num-não-olhar, apenas o nome: VAZIO. Provoco a insignificância querendo ser o depois do desastre, não receando provocações do mundo, a não ser de mim. (Desastre. Metaforicamente escrevendo). Falava em astúcia. O que significará em Berlim? Muito dissemelhante daqui? Ou de um país tropical? Rico em frutos de cores quentes? A população sobrevive do turismo exportado e preguiça intermitente ao sabor sem sabor da imaginação perdida. Como reinventar forçosamente a criatividade? Apelidam-na como inteligência. Irónico. Quando um robô é mais inauguralmente aplaudido que a modéstia e profissionalidade de um trabalhador? A dimensão do outro expressa-se nos pobres rasgos de altruísmo, que de tempos a tempos, todos decidimos contemplar o nosso alvo (de preferência e sempre com preferência) objectivamente escolhido. E cuidado, podes ser sempre apontado como demasiado benevolente ou submissamente permissivo? A dimensão do outro, perdida para sermos nós – egoístas – matando a hipótese de ser outro, sermos os outros. Esta aragem corre no ar e, se a inspiramos, maliciosa, curará absolvendo o mal em detrimento do bem. Absolvam-se os culpados. Reinarão os culpados. Mas qual reino? Sem reino? Sem verdade? Provoco danos, talvez, talvez irreversíveis, em mim, para mim, para sempre? E o que interessa? O que somos senão o que deixamos de ser? Magoarmo-nos nas mesmas coisas. Onde estão os resultados dos danos reversíveis? Tenho algum frio para, daqui a pouco, sentir falta de calor. Imagina que até a temperatura do teu corpo se converte num comando de pé, em que o pisas, recalcas, insistes: temperatura-humor-tempo-lá-fora-os-outros, tudo, absolutamente tudo, em equilíbrio programável? Hoje. Agora e depois. Totalmente Irreversíveis.

andrea

Nenhum comentário:

Visitantes: