Em cada experiência que vivo sei que, a partir dali, tudo pode mudar.
Um novo cheiro ou um simples toque trazem com eles: um novo desejo ou uma nova mudança ou um novo acaso. E ainda bem que é assim. Não o suportaria doutra forma.
Constrói-nos ter estes momentos incrivelmente saborosos. Enriquece-nos. Não me imagino sem esta imprevisível magia.
Embalou-nos o mar e quis ser ele a nossa companhia durante estes dias.
Não nos pediu permissão e nós não nos importamos de o ter junto a nós.
Quis a vida reservar-nos esta surpresa. Acredito que quem a criou fomos unicamente nós, não podia ser diferente. Somos seres demasiado especiais.
Corremos rápido contra o vento, qual atrito de caminhos desconhecidos…
No porta-luvas dela, uma garrafa de whisky, cerveja e vinho do porto. Malas feitas com carinho e à pressa. Ficou tanto por trazer mas não tem importância.
Esperamos debaixo de um túnel muito escuro e dezenas de carros não se adivinhavam ser o teu. Isto é apenas o princípio. Não prevejo dissecá-lo.
Chegamos. Já esperavam por nós amigos que amo. Amigos e abraços numa rua movimentada e apertada.
Despimos os carros das malas, todas diferentes, que continham parte da nossa imaginação, mas em objectos: comida, livros, música, cachecóis, laranjas, chocolates, uma viola, uma prancha de bodyboard, mil objectos de que dependemos e dezenas de coisas que gostamos e nós dão prazer…
As muitas mãos e força levaram tudo para cima. A entrada da residencial tinha um encanto especial. Talvez pelo brilho das luzes e bolas gigantes penduradas numa árvore artificial e verde. Uma entrada ampla e sofás castanhos.
Ninguém para nos receber, fez com que aquele espaço se tornasse de imediato a nossa nova casa. Tudo o que se seguiu era imprevisível: surreal.
Abraços fortes, corpos elevados no ar pela saudade, mesa cheia de coisas boas e uma varanda que nos dava a sensação de estarmos em contacto com o mundo inteiro. O mar muito perto e uma praça agitada cheia de cor, odores fortes e magia. Já tinha estado ali mas nada me parecia igual.
Rapidamente nos unimos em redor de uma mesa. O cozinheiro de serviço presenteou-nos com sábia culinária, bom gosto, requinte e muito carinho. Nunca me importei de esperar. Vale sempre a pena esperar. Demora tempo mas é um tempo preciso para que, quando gentilmente nos serve, possa ouvir um “huummm” em uníssono! Congratulamos-te e eu já tinha saudades tuas. É bom falar de ti. Tu mereces.
A Ana arrumava cuidadosamente tudo o que parecia fora de ordem e que permitisse dar àquele espaço um ar familiar e de aconchego. Rapidamente o tornamos nosso. Uma guitarra dava música à alma. Copos começam a tilintar e oiço brindes ao amor e ao momento! Momentos de encontro, e que em breve, serão de saudade! Mas não pensamos nisso. Vamos apenas vivê-lo…
Espalho os pensamentos em cima deste tapete e escolho um. Os restantes são banais e não te fariam, sequer, sentir o doce e deslumbrante, intenso sabor, do que eu e eles partilhamos. O que é pena. Era tão bom que todos o sentissem como nós sentimos. Porque eu sei-o de cor. Não sei o que seria sem este poder imaginativo. Escrevo isto para me dispersar e abstrair daqueles instantes… Porque não sei descrevê-los? Porque os descreveria de forma corriqueira? Eles merecem ser recordados e não descritos. A não ser que lhes dês a tua magia de olhar tudo assim: de forma apaixonada.
Poderei escrever o que não vivi? Sim.
Poderei escrever o que não senti? Não.
Perdemos noção de tudo.
O arroz em breve teria com ele marisco variado, tão docemente cozinhado. Em redor da mesa, os olhares tornavam-se mais cúmplices e falava contigo trivialidades saborosas. Ouvimos a música que nos apeteceu. Tudo aconteceu porque o queríamos. Absolutamente. Os três mundos estavam agora em fusão. E dessa fusão resultou ainda mais amizade e cumplicidade, ainda mais sorrisos, dança, corpos, brindes e chão molhado…
Mais uma vez perdemos a noção do tempo. Gostava que me dissesses o que foi para ti?
Terás estas palavras?
Terão estas palavras a intenção díspar da realidade vivida por ti?
Tudo muda quando recordamos ou relatamos de novo. Deixa de ser verdade?
Dançamos muito. Dançamos como nunca ninguém dançou e isso faz-me tremendamente feliz: fazer tudo como nunca ninguém fez.
A varanda começava a ter em cena o primeiro – de muitos – e incríveis episódios.
Neste primeira noite sussurramos o quanto aquela vista permitia que os nossos sentidos se expandissem.
Partimos para mais uma aventura, só possível entre nós. Sete pessoas tão especiais. Agora dois mundos que se uniam para dar sentido a apenas um: o nosso.
Caímos na areia e brincamos. Só tu! E eu brinquei contigo.
O roteiro itinerante de bar em bar. A magia esteve sempre de braço dado a nós. Já viram que bom?
Era dia quando regressamos a casa. Eu e tu não adormecemos e dançamos ao lado de quem se rendeu ao cansaço. Vimos as pessoas comprar pão. A limpeza ao apartamento ficara adiada, nessa madrugada, e lá fora tudo incrivelmente limpo.
A música que adoras deu asas ao nosso corpo. Falei-te que sentia a textura do ar e os seis sentidos estavam embebidos numa só substância. O sono desapareceu e a liberdade chegou. Era impossível adormecer. Seria um pecado adormecer naquele estado.
Tal como não consigo adormecer agora.
Um café num sítio alto e muito familiar.
Mil debates sobre o que jantar.
Descida íngreme mas admirada. Não foi assim tão difícil!
Uma vista harmoniosa sobre a cidade e mar e rochedo e marginal e tectos alaranjados e muitas casas brancas.
Os dois amigos foram à cervejaria santos (maravilhosamente típica). Gostei de saber que estavam lá.
E nós fomos consumar, em acto, o desejo consensualíssimo de Stroganoff de Peru, para jantar.
Mais uma vez transformaste uma simples ave num prato suculento, arrojado e de chorar por mais…
Brindamos a ti e a uma noite intensa e inteiramente nossa...
Ficamos em casa, em longas conversas, até muito tarde! Como nos velhos tempos de Coimbra!
Uma mesa completamente desarrumada e colorida por nós. Objectos e coisas onde encontramos parte da nossa inspiração para voar.
O segundo episódio naquela varanda perto do mar aproximava-se. Dança sem fim, Ana e Carlos apaixonados, Joana sorridente, Márcio eufórico, Orlando sóbrio irrequieto, Pedro cheio de energia e Andrea de olhos a brilhar.
Naquele muro fumamos.
E naquele bar dançamos freneticamente até de manhã.
“Se adiares a gratificação sabe muito melhor quando a alcançares.”
Até amanhã e beijo na testa.
Anoiteceu rápido e fomos os quatro dançar folclore dentro de um café. As ruas faziam prever uma noite desejada.
E assim foi…
Por acaso, era noite.
Por acaso, o ano acabava ali.
Por acaso, estávamos onze pessoas a dançar livremente e felizes.
Por acaso, são pessoas que eu adoro e admiro.
Por acaso tudo correu como nunca correu…
Por acaso, é nos acasos que estão os melhores momentos.
Numa varanda com vista para o mundo, onde tudo foi permitido…
E esta noite já não tenho espaço para as minhas asas.
Despia-as e guardei-as perto de ti.
Um novo cheiro ou um simples toque trazem com eles: um novo desejo ou uma nova mudança ou um novo acaso. E ainda bem que é assim. Não o suportaria doutra forma.
Constrói-nos ter estes momentos incrivelmente saborosos. Enriquece-nos. Não me imagino sem esta imprevisível magia.
Embalou-nos o mar e quis ser ele a nossa companhia durante estes dias.
Não nos pediu permissão e nós não nos importamos de o ter junto a nós.
Quis a vida reservar-nos esta surpresa. Acredito que quem a criou fomos unicamente nós, não podia ser diferente. Somos seres demasiado especiais.
Corremos rápido contra o vento, qual atrito de caminhos desconhecidos…
No porta-luvas dela, uma garrafa de whisky, cerveja e vinho do porto. Malas feitas com carinho e à pressa. Ficou tanto por trazer mas não tem importância.
Esperamos debaixo de um túnel muito escuro e dezenas de carros não se adivinhavam ser o teu. Isto é apenas o princípio. Não prevejo dissecá-lo.
Chegamos. Já esperavam por nós amigos que amo. Amigos e abraços numa rua movimentada e apertada.
Despimos os carros das malas, todas diferentes, que continham parte da nossa imaginação, mas em objectos: comida, livros, música, cachecóis, laranjas, chocolates, uma viola, uma prancha de bodyboard, mil objectos de que dependemos e dezenas de coisas que gostamos e nós dão prazer…
As muitas mãos e força levaram tudo para cima. A entrada da residencial tinha um encanto especial. Talvez pelo brilho das luzes e bolas gigantes penduradas numa árvore artificial e verde. Uma entrada ampla e sofás castanhos.
Ninguém para nos receber, fez com que aquele espaço se tornasse de imediato a nossa nova casa. Tudo o que se seguiu era imprevisível: surreal.
Abraços fortes, corpos elevados no ar pela saudade, mesa cheia de coisas boas e uma varanda que nos dava a sensação de estarmos em contacto com o mundo inteiro. O mar muito perto e uma praça agitada cheia de cor, odores fortes e magia. Já tinha estado ali mas nada me parecia igual.
Rapidamente nos unimos em redor de uma mesa. O cozinheiro de serviço presenteou-nos com sábia culinária, bom gosto, requinte e muito carinho. Nunca me importei de esperar. Vale sempre a pena esperar. Demora tempo mas é um tempo preciso para que, quando gentilmente nos serve, possa ouvir um “huummm” em uníssono! Congratulamos-te e eu já tinha saudades tuas. É bom falar de ti. Tu mereces.
A Ana arrumava cuidadosamente tudo o que parecia fora de ordem e que permitisse dar àquele espaço um ar familiar e de aconchego. Rapidamente o tornamos nosso. Uma guitarra dava música à alma. Copos começam a tilintar e oiço brindes ao amor e ao momento! Momentos de encontro, e que em breve, serão de saudade! Mas não pensamos nisso. Vamos apenas vivê-lo…
Espalho os pensamentos em cima deste tapete e escolho um. Os restantes são banais e não te fariam, sequer, sentir o doce e deslumbrante, intenso sabor, do que eu e eles partilhamos. O que é pena. Era tão bom que todos o sentissem como nós sentimos. Porque eu sei-o de cor. Não sei o que seria sem este poder imaginativo. Escrevo isto para me dispersar e abstrair daqueles instantes… Porque não sei descrevê-los? Porque os descreveria de forma corriqueira? Eles merecem ser recordados e não descritos. A não ser que lhes dês a tua magia de olhar tudo assim: de forma apaixonada.
Poderei escrever o que não vivi? Sim.
Poderei escrever o que não senti? Não.
Perdemos noção de tudo.
O arroz em breve teria com ele marisco variado, tão docemente cozinhado. Em redor da mesa, os olhares tornavam-se mais cúmplices e falava contigo trivialidades saborosas. Ouvimos a música que nos apeteceu. Tudo aconteceu porque o queríamos. Absolutamente. Os três mundos estavam agora em fusão. E dessa fusão resultou ainda mais amizade e cumplicidade, ainda mais sorrisos, dança, corpos, brindes e chão molhado…
Mais uma vez perdemos a noção do tempo. Gostava que me dissesses o que foi para ti?
Terás estas palavras?
Terão estas palavras a intenção díspar da realidade vivida por ti?
Tudo muda quando recordamos ou relatamos de novo. Deixa de ser verdade?
Dançamos muito. Dançamos como nunca ninguém dançou e isso faz-me tremendamente feliz: fazer tudo como nunca ninguém fez.
A varanda começava a ter em cena o primeiro – de muitos – e incríveis episódios.
Neste primeira noite sussurramos o quanto aquela vista permitia que os nossos sentidos se expandissem.
Partimos para mais uma aventura, só possível entre nós. Sete pessoas tão especiais. Agora dois mundos que se uniam para dar sentido a apenas um: o nosso.
Caímos na areia e brincamos. Só tu! E eu brinquei contigo.
O roteiro itinerante de bar em bar. A magia esteve sempre de braço dado a nós. Já viram que bom?
Era dia quando regressamos a casa. Eu e tu não adormecemos e dançamos ao lado de quem se rendeu ao cansaço. Vimos as pessoas comprar pão. A limpeza ao apartamento ficara adiada, nessa madrugada, e lá fora tudo incrivelmente limpo.
A música que adoras deu asas ao nosso corpo. Falei-te que sentia a textura do ar e os seis sentidos estavam embebidos numa só substância. O sono desapareceu e a liberdade chegou. Era impossível adormecer. Seria um pecado adormecer naquele estado.
Tal como não consigo adormecer agora.
Um café num sítio alto e muito familiar.
Mil debates sobre o que jantar.
Descida íngreme mas admirada. Não foi assim tão difícil!
Uma vista harmoniosa sobre a cidade e mar e rochedo e marginal e tectos alaranjados e muitas casas brancas.
Os dois amigos foram à cervejaria santos (maravilhosamente típica). Gostei de saber que estavam lá.
E nós fomos consumar, em acto, o desejo consensualíssimo de Stroganoff de Peru, para jantar.
Mais uma vez transformaste uma simples ave num prato suculento, arrojado e de chorar por mais…
Brindamos a ti e a uma noite intensa e inteiramente nossa...
Ficamos em casa, em longas conversas, até muito tarde! Como nos velhos tempos de Coimbra!
Uma mesa completamente desarrumada e colorida por nós. Objectos e coisas onde encontramos parte da nossa inspiração para voar.
O segundo episódio naquela varanda perto do mar aproximava-se. Dança sem fim, Ana e Carlos apaixonados, Joana sorridente, Márcio eufórico, Orlando sóbrio irrequieto, Pedro cheio de energia e Andrea de olhos a brilhar.
Naquele muro fumamos.
E naquele bar dançamos freneticamente até de manhã.
“Se adiares a gratificação sabe muito melhor quando a alcançares.”
Até amanhã e beijo na testa.
Anoiteceu rápido e fomos os quatro dançar folclore dentro de um café. As ruas faziam prever uma noite desejada.
E assim foi…
Por acaso, era noite.
Por acaso, o ano acabava ali.
Por acaso, estávamos onze pessoas a dançar livremente e felizes.
Por acaso, são pessoas que eu adoro e admiro.
Por acaso tudo correu como nunca correu…
Por acaso, é nos acasos que estão os melhores momentos.
Numa varanda com vista para o mundo, onde tudo foi permitido…
E esta noite já não tenho espaço para as minhas asas.
Despia-as e guardei-as perto de ti.
03 Janeiro 2007
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