sábado, 3 de março de 2007

O meu melhor amigo

"Hoje estou aqui uma vez mais ansioso por te abraçar! É véspera de Natal, a tarde apesar de ensolarada está fria, e deslizo vagarosamente com o meu carro pelas ruas da tua aldeia perante o olhar curioso dos transeuntes. Telefono-te e dizes-me para ir ter contigo a Penamacor. Estás com a tua família a visitar um lar de idosos. Acho isso tão querido! Tão teu! Sete quilómetros depois já estou a subir P. Vejo-te acenar efusivamente desde um terraço exterior ao edifício. Corro para te abraçar. É um abraço prolongado e muito aguardado que me deixa extremamente feliz. Dizes-me que me achas muito bonito com as minhas novas roupas e sinto-me ligeiramente embaraçado. A tua família recebe-me calorosamente, como sempre. Estão reunidos à volta de um casal de velhinhos, também eles teus familiares. Passados alguns momentos entro contigo dentro do edifício e deparo-me com um salão onde espalhados pelas várias cadeiras se amontoam rostos distintos. Alguns conservam uma aura de jovialidade no rosto apesar da idade. Outros têm um olhar apagado e distante, quase como se a chama de uma vida se tivesse extinguido ali antes do tempo! Diriges-te a uma velhinha ternurenta que te diz qualquer coisa ao ouvido. “Não, é meu amigo!” – Respondes, deixando-me adivinhar que ela te perguntara se eu era o teu namorado. E acrescentas vamos ser amigos até sermos muito velhinhos. Apercebo-me que acredito realmente nessas palavras. Basta-me olhar-te e ver-te completamente iluminada enquanto tentas transmitir a tua força a estas pessoas para saber isso. És uma criatura maravilhosa! Mais tarde, quando regressamos à tua aldeia, confidencias-me que precisaste de passar alguma da tua energia àquelas pessoas e como te sentes feliz com isso. Como te compreendo! Não esperaria outra coisa de ti… Observo aqueles campos, as casas da aldeia, as pessoas na rua e penso que foi ali que essa pessoa maravilhosa cresceu. Vejo-te pequenina, traquinas, a correr de um lado para o outro com a tua irmã. Esta imagem ganha novos contornos quando, já em teu quintal, me mostras o carrinho formula 1 no qual tu e a tua mana corriam na frente de camiões. Rimos como crianças! É encantador! Naquele quintal há todo o tipo de pormenores engraçados. Flores pintadas pelas tuas mãos, objectos quotidianos que parecem nascer de uma árvore, um estranho e divertido presépio que inclui a Branca de Neve e os Sete Anões… e um enorme sapo de louça! Sou capaz de jurar que a história de Natal original não tinha nenhum sapo!... Riste com a tua espontaneidade habitual. Sabe-me tão bem ver-te sorrir! Registamos o momento para a posteridade com a minha máquina fotográfica. Mais uma vez as nossas gargalhadas ecoam pelo sítio depois de vermos as nossas figuras nas fotografias. Mais tarde, sentados em frente à lareira deixamo-nos levar pela conversa. É sempre assim. Acho que poderíamos estar juntos anos a fio que o assunto nunca se extinguiria. Presenteias-me com as estrelas que irão formar uma constelação no tecto do meu quarto. De mim recebes um retrato, não muito perfeito mas suficientemente parecido contigo para que o exibas com orgulho para a tua família, e uma caixa de bombons. O tempo voa e voa quando estamos juntos. Estranhamente, ali sinto-me como se estivesse em casa. Vejo uma fotografia tua, ainda adolescente e uma sensação estranha invade-me. Será que não nos conhecíamos antes? Aquela menina na fotografia é-me tão familiar… Pergunto-te uma vez mais onde estiveste todos estes anos, beijo-te a testa com carinho e abraço-te uma e outra vez. Preciso tanto que saibas o quanto gosto de ti, o quanto preciso de ti. Sorris enternecida. Acho que dificilmente alguém pode compreender uma amizade destas. Para mim, és a minha grande amiga, a minha "maninha adoptiva", a força que me ajuda a levantar sempre que eu caio. Sinto já a angústia da hora da despedida que se aproxima mais uma vez. Depois de uma calorosa despedida no frio gélido do teu quintal vejo-me novamente a conduzir em direcção a casa. Lamento a crueldade de te ter tão longe, mas sinto a alegria ao pensar que ainda assim estamos tão perto. E sei que assim será até sermos mesmo muito, muito velhinhos…"

Obrigado: és maravilhoso :)

27 Dezembro 2006

2 comentários:

Anônimo disse...

A minha melhor amiga! Querida, nada que eu possa aqui escrever será novo para ti. Escrevi o texto de coração aberto e creio que ele transmite bem a importância que tens para mim. Este último ano foi todo ele de novas experiências e descobertas... algumas delas bastante más. Para mim e para ti. Falámos (muuito), rimo-nos (imenso), chorámos e brincámos, quer juntos, quer distantes. É algo que eu agradeço todos os dias. É um privilégio ter-te na minha vida maninha! Obrigado por tudo. Conta comigo para o que quer que precises. O Peter Pan vai cá estar!

P.S. Já agora, sei que me vais bater, mas tenho de refazer aquele retrato em condições. Não estou satisfeito...

Adoro-te.

Anônimo disse...

Adorei! :)

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