sexta-feira, 2 de março de 2007

"Nada fica"


Nada fica de nada. Nada somos.
Um pouco ao sol e ao ar nos atrasamos
Da irrespirável treva que nos pese
Da humilde terra imposta,
Cadáveres adiados que procriam.

Leis feitas, estátuas vistas, odes findas -
Tudo tem cova sua. Se nós, carnes
A que um íntimo sol dá sangue, temos
Poente, por que não elas?
Somos contos contando contos, nada.

Ricardo Reis (Fernando Pessoa)


10 Março 2006

4 comentários:

Anônimo disse...

um pouco de mar...
um resto de sal...

Anônimo disse...

Não!
Somos tudo.
Tudo o que nos permitirmos ser.
O metal frio que nos acorrenta não é mais do que o reflexo ilusório dos nossos medos.
Fora isso, somos tudo.
Tudo o que a nossa imaginação ditar:
Um infindável universo de possibilidades - Vida!

Anônimo disse...

volto só para te dizer que este teu post acabou por gerar nova entrada no "passionatta"! ;-)

Anônimo disse...

Por vezes há coisas que acabam por me impressionar! Uma delas é a capacidade que as palavras têm de nos fazer recordar...no escuro da minha solidão, lembro-me muitas vezes de citar este poeta, em que Álvaro de campos é o meu favorito...porquê?
Capacidade de me levar a lugares nunca antes chegados...

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