Perdas inevitáveis
Segundo a pesquisadora norte-americana Judith Viorst, autora do livro "Perdas Necessárias", as perdas que temos durante as nossas vidas não são apenas pela morte das pessoas queridas. Elas incluem, além das separações e partidas daqueles que amamos, a perda consciente ou inconsciente dos nossos sonhos, expectativas impossíveis, ilusões de liberdade e poder, ilusões de segurança e a perda do nosso próprio "eu" jovem. E essas perdas, diz a pesquisadora, são "universais, inevitáveis e inexoráveis, porque para crescer temos de perder, abandonar e desistir". Todas as nossas perdas estão relacionadas com a "Perda Original, que é a conexão mãe-filho, que pode ter reflexos no decorrer de toda a nossa vida. Se as separações não forem bem resolvidas, ressalta, "elas podem deixar cicatrizes emocionais no cérebro, porque atacam a conexão humana essencial: o elo mãe-filho que nos ensina que somos dignos de ser amados. Não podemos tornar-nos seres humanos completos sem o apoio dessa primeira ligação".
Estudos mostram que as perdas na primeira infância tornam-nos mais sensíveis e vulneráveis às perdas que sofreremos mais tarde. "Assim ao longo da vida, a nossa resposta à perda de uma pessoa da família, a um divórcio, à perda de um emprego, podem ser causas de depressão grave - a resposta daquela criança desamparada, desesperançada e zangada", ressalta a pesquisadora.
De acordo com alguns filósofos, a morte é a perda mais aterradora, aquela que acompanha o ser humano desde a infância, quando se descobre o inevitável. À tristeza profunda pela morte, especialmente a repentina e prematura, somam-se outros sentimentos como a culpa e o inconformismo. Não há respostas fáceis para conviver com as perdas provocadas pela morte, mas segundo os especialistas, não se deve ignorá-la, sufocar as lágrimas, nem abafar o luto.
O envelhecimento é também uma das mudanças mais difíceis para o ser humano. Aceitar as perdas provocadas pela idade, requer uma avaliação do passado, que envolve os aspectos positivos e negativos de toda a nossa vivência, e ao mesmo tempo, há de se considerar os desejos e as possibilidades para o futuro. É nesta fase, segundo a pesquisadora Judith Viorst, que a preocupação com a morte e a destruição estão mais presentes, e o homem tem a sensação mais profunda da própria mortalidade e da morte iminente dos outros.A capacidade de mudar e crescer na velhice está ligada à própria história de cada pessoa. Mas, a chegada da terceira idade pode dar origem a novas forças e novas aptidões não acessíveis nos outros estágios.
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