quarta-feira, 16 de janeiro de 2008




















Escolhes e estarás curada.
Para ti. Vendavais de silêncios. Ressoam nos ramos de sobreiros junto ao rio, repetem-se em noites altas sem lua. Uma mordaça. Uma voz. E fantasmas aqui e ali, sem que saibas. A história de uma inexistência imaginada, presa ao ardor e calor de um coração que arrefece e aquece - de novo arrefece aquece, esquece, perdoa, revive, perde, inventa. O quê? O que dizias? Não ouvi. Podes repetir? Por favor. Estava a dizer-te que a lua está tão perto do rio. E, às vezes, de nós. Há amor de pele. Amor de olhos. Amor de corpo e sangue bem quente. De cheiro intenso. Que mata. Que nada faz contente. Amor tão certo que acaba de vez. É acabar num amor igual e começar um amor diferente. Sempre. Para sempre. Para sempre. Latejar dentro de uma gruta. Explosão indómita. Agressão ensurdecedora. Tudo isto e nada disto. Custa assim e assado. Custa. E basta. Porque esta melodia fez sentido - e deu sentido - a milhares de quilómetros de caminhos, e hoje não? Foram fases. E a música era cúmplice. A única. Um ano. Agora. Ouvi-la leva-me ao início. Hoje vem e vai. Era um espectáculo que querias ver implodir. Como se o ditame da vida pudesse estar nas linhas de uma mão. Levou-te para um futuro que jamais podias prever. O que acontece hoje não tem condições exactas, nem fórmulas, quais linhas da sorte, futuro e amor? As linhas trilharam-se sem a tua mão.
Nas tuas mãos. Tuas. Deixa que vá. Deixa que entre. Rumo?
Esquecer a mágoa.
Mas não foi. O que nunca foi. Não basta querer.
Quão mais arrojado o desejo mais difícil, mas é isso que é viver: ousar. A face entre as duas mãos, desatentas, e lentamente, finjo que entendo “não basta querer”… Prevejo que isto se adquira desde criança. Blá blá blá. Conversa de psicólogos. Ironizamos para compreender. O doce, por vezes amargo, é doce. Depois perde o sentido. Deixa de encaixar na solidão – saborosa e é desespero, e cigarros. O aperto. As pantufas lado a lado. Os bolos que tens ali. Os domingos e filmes no cobertor. O olhar-querer. O ombro. “Estás bem?” e o mundo parou.
Esconde o teu sorriso. Gostava que fosses “entre-aspas”, para não ter que te dizer como nunca serás e que não se pode tocar com os lábios.
andrea

Um comentário:

Anônimo disse...

As pantufas, aquelas malvadas pantufas lado a lado que te deixaram tão desconcertada... será que a essa visão te vai ajudar a ultrapassar isto?

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