terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Antes do amanhecer tens um sonho que te leva para um lugar exótico e longínquo, onde passeias perto do mar e sentes o calor do fim de dia a embater-te no corpo, por inteiro. Sentes um leve arrepio, um misto de calor e frio, e o cheiro a maresia completa este cenário. Respiras bem fundo, como quando eras criança. Enches os pulmões. Expiras num só fôlego. Sentes-te. Sentas-te. Contemplas o horizonte. O pôr-do-sol. O fim de dia. O instante mais tranquilo, o fim de dia… Onde os tons se conjugam harmoniosos. Um beijo na tua face.
Os lençóis lavados, perfumados e brancos. Acordas com o cheirinho a pão que saíu agora do forno e em cima da mesa uma tigela com doce de figo.
Vou-te buscar retratos deste e daquele momento. Apontas e dizes “momentos felizes”. Enquanto me mostras, vejo uma criança sorrir para mim. Olha-me e ri. Olha-me nos olhos, conquistei a sua atenção. Olhar para mim fê-la sorrir. Elas que têm "os olhos nas pontas dos dedos"!, digo-te fragilizada.
O meu corpo é leve. Flutuo. Respiro bem, sem formigueiros. Aproveito este instante. Em breve não estarei aqui. Recordo contigo aqueles retratos, aqueles que reproduzem o momento perfeito, o momento em que as pessoas que amas estão a sorrir, bonitas, bem dispostas e alegres. Onde os seus olhares e feições expressam com exactidão o que as invade - a felicidade de estarmos aqui.



10 Outubro 2005

Um comentário:

Anônimo disse...

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