segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Zimbro mel

"Tem que ir lá, é mesmo bonito, vai gostar, tenho a certeza".
Fui e vim deslumbrada.
Ali, tudo tem um sabor especial.
Antes de chegarmos existem muitas curvas, uma serra imponente rodeia a aldeia. Quando chegamos, existe harmonia ao nosso olhar. As casas são de xisto, o azul predomina, dizem que na altura apenas existia essa cor na loja da aldeia. O caminho é também de xisto, que dá ao caminhar alguma instabilidade, as ruas são misteriosas, os cantos das casas perfeitos, tudo em xisto.
Ao chegar observa-se uma igreja, branca, que destoa de tudo o resto mas que torna aquele lugar muitíssimo acolhedor e maravilhoso. As pessoas são simpáticas, faladoras, gente boa e humilde. Vivem apenas 65 pessoas. No ano de 1970 estavam recenseadas 1500 pessoas.
A água corre, é o único som que se sente naquele sítio, não há carros, não há gritarias. Apenas borboletas amarelas, pássaros, a água a correr. O que permite sentir um verdadeiro silêncio, paz e tranquilidade. É uma pacata aldeia, uma das 13 aldeias históricas portuguesas - Piódão.
Ali bebe-se aguardente de medronho ou de zimbro mel, deliciosas, digestivas e calmantes. O bolo de mel tem um sabor único.
Na casa da padaria encontramos a Sra Irene, que confeccionou o melhor pequeno-almoço que alguma vez provei. Compotas, de amora, abóbora e nozes, mel, muito mel, pão-de-ló, café com leite e uma terrina partida, fiquei com a pega na mão. Os quartos com decoração simples mas o mais bonito é mesmo a paisagem da janela que podemos observar, por longos minutos, respirar fundo, ouvir os sons da natureza na sua maior pureza. Ali, ouvimos os nossos pensamentos, flúem docemente, acompanham as borboletas que pousam na vegetação. Os habitantes têm hortas, que cuidam com carinho, que lhes dá o sustento para se alimentarem.
Os que a visitam procuram descansar dos sons agitados do dia-a-dia, dos estados de alma que não conseguem suportar, na companhia de um bom vinho ou licor, na companhia de quem amamos. Nessa troca perfeita de sentires, encontras-te! Sentes que a simplicidade vive dentro de ti, que o teu redor te contagia e te acalma. Foi um regresso ao passado, valeu verdadeiramente a pena. Pequenos gestos, escolhas certeiras, que vão delineando o nosso rumo.
Existem momentos em que a felicidade não é apenas a sensação/recordação temporária de que fomos felizes, existem momentos em que tudo, mas tudo é felicidade, em que o outro é a própria felicidade.

"Come what may..."

05 Julho 2005

Nenhum comentário:

Visitantes: