terça-feira, 29 de maio de 2007

Hoje
a distância que nos separa é feita de aromas
hoje soube a chuva
ontem a cumplicidade, canela e alucinação
(noites saborosas, vinho e comida caseira)
há segundos soube a metal
a que sabe o metal?... .
pesado
indecifrável.
é um aroma por vezes insipido, outrora guloso...
a distância entre nós é amarga
dilacerante
a distância entre nós é feita de proximidade
misteriosa




Amanhã
"Sentados sobre as camas de ferro dos seus quartos, lembraram-se:encontrámo-nos. Naquele dia, perante a imagem verdadeira um do outro, sentiram: encontramo-nos.No rosto dele, a esperança. No rosto dela, mais do que a esperança. Encontramo-nos. Encontrámo-nos. Encontraram-se. Foi ele que caminhou a distância pequena que ainda os separava. Foi ele que estendeu os braços. Ela baixou o olhar entre o seu corpo imóvel e a terra. Os braços dele sem uso. As palavras formaram-se dentro dela. As palavras aproximaram-se dos seus lábios. No silêncio, entre os seus rostos, as palavras existiram e foram um eclipse. (...)"
José Luis Peixoto


sexta-feira, 25 de maio de 2007





Pela primeira vez chorei no palco.
Senti-me pequenina...
Feliz
Gostava de poder beber das tuas palavras.
Em breve, eu sei...

sexta-feira, 18 de maio de 2007




Oiço a chuva cair em gotas pesadas neste telhado de um sotão. Fica aqui o meu quarto de madeira, enfeitado por borboletas, teias de aranha e crustáceos pendurados por um fio. Abranda o chover lá fora. Impede-me de continuar a escrever. Parou.


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Em vez do som das gotas da chuva, oiço o cacarejar de uma galinha satisfeita e o céu está zangado. O ladrar, já muito familiar, dos cães vizinhos. A roupa que desliza com o vento; em conjunto fazem piruetas sonoras, e dançam... e criam... e dançam... "Tadah": salto final, voltam ao seu equilíbrio.
Se te disser que cada frase, aqui-agora criada, representa a ascensão do meu alívio, acreditavas?

Alívio

ALívio...


Uma família que chega de longe,abraços e palmadinhas nas costas que simbolizam um reencontro.
António Lobo Antunes (um mestre) no seu livro que agarro fortemente.
Quero que chova de novo para distrair-me de ti.

terça-feira, 15 de maio de 2007









Há dois anos atrás perguntei-te o que te fazia mais feliz...

Escreveste que o rio Douro te fazia feliz...
Escreveste que Café, Música e Cigarros, em doses industriais, pela manhã, te faziam feliz e que dormir 4 horas por dia também...
Entre algumas palavras que me levaram para mais perto de ti (e através das quais estaria apaixonada muito em breve, por quem as escrevia)revelaste-me o teu segredo...

O que é um segredo?
Para ti era um tesouro, um sonho, um projecto, uma vitória...
Naquele momento, para ti, era indizível, era um segredo...

Soube ler nas entrelinhas, como escreveste.
E numa dessas linhas estava um sonho.
Um sonho maravilhoso, um sonho teu...
Eu chamava-lhe sonho e tu não gostavas, dizias convictamente: "não é um sonho, cada vez mais breve, é uma realidade!". Eu não o imaginava de outra forma: vi em ti carisma, talento e genialidade.
Admirei-te, muitas vezes, em silêncio. E continuo a admirar-te, como sabes...

As reviravoltas de uma relação apaixonante, provocaram um fim; um fim unicamente exterior porque as linhas que nos escreveram e escrevem têm sabor a eternidade.
Nunca questionei o teu talento, força e garra indomáveis. E soube, sempre, que este dia chegaria, e CHEGOU!
Muitos Parabéns!

Tu mereces...

"Come what may"

sexta-feira, 11 de maio de 2007

a cor do silêncio


Bolinhas de papel enrugado, vermelho forte - um coração que formam, coladas e unidas.
Falam entre elas. Insuspeitas.
Sei que todas juntas fazem sentido.
Bolinhas ainda mais pequenas, feitas de carinho e precisão, cor prateada: dezenas.
Um papel de fundo bege. Original.

Saltou uma bola, a do fundo do coração.

Abro-o: tem uma colecção enorme de silêncios e uma inexplicável vontade de poder sentir isto de outra maneira: uma saudade de qualquer coisa.

quarta-feira, 9 de maio de 2007



Em criança todas as oportunidades eram aproveitadas para costurar, fazia a roupinha e a boneca que a ía usar. Nessa altura, sonhava vir a ser costureira, essa actividade fascinava-me! O sonho tornou-se realidade, mais tarde trasnformou-se em pesadelo, levando-me a questionar inúmeras vezes, até que ponto seria positivo realizar os nossos sonhos...



MA

sexta-feira, 4 de maio de 2007




Não tens nome.
Revejo-te naquela senhora, que passou por mim, de casaco de lã castanho envelhecido, roto e gasto-em-passagens-diárias-de-bicicleta. Hoje brinco contigo. Apetece-me.
Trazia um molho de couves bem frescas, ainda a salpicar o orvalho de uma madrugada bem gelada. Trazia-as num balde vermelho. No dia anterior lavou as vísceras da matança do porco nele. Ainda antes desse dia anterior, transportou ervas miudinhas e lenha seca de propósito para cozer o pão, que alimenta toda a aldeia. Trabalhadora e despachada como tu.
Não tens nome, sem nome.
Numa estrada qualquer, de uma rua que também não sabes definir, observas discretamente um homem, cabelo grisalho, poucos dentes e óculos pesados – chamas-lhe velho, observas que ele observa uma folha colada com cola rasca num pilar de uma rua de uma cidade, no centro de uma cidade qualquer, observa a necrologia, com a curiosidade mórbida de um velho orgulhoso de estar vivo ou com a intensa dor de quem prevê para breve o seu fim?
Não se obriga a nada este velho. Fez sempre tudo porque assim o desejou. Obstinado como tu.
Um nome para ti, pode ser Carolina?
Amor porque dá sentido a tudo, amar o próximo, a vida, o mar…
No cavalo de metal voas para o castelo. Um castelo frágil e provisório o meu. O encanto está em ti, unicamente em ti. Encantado mundo. Encantador.

Ama sem condições, espera menos dos outros, Carolina, será mais plena a tua vida.
Por hoje estou saciada.

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