terça-feira, 17 de novembro de 2009

Todas as pessoas sozinhas dançam devagar na sala de espera mesmo que o dia seja quente e convide a passeios ao luar. A música é sempre a mesma, assobiada ao ouvido por um rapazinho tímido e fechado do qual não se sabe o nome e a destreza que podemos alcançar, neste querer dar o passo certo,é apenas uma mínima ideia da força dos nossos desejos.
Todas as pessoas sozinhas sorriem em frente ao espelho e lavam os dentes como quem arranca beijos à emoção de ter ali, à nossa frente, alguém de quem gostamos muito. A porta da rua é um lugar onde só se sai,a nossa família é uma fotografia pendurada na parede e os amigos são aqueles que nos dão bons dias no café.
Todas as pessoas sozinhas gritam baixinho os nomes esquecidos que outras pessoas sozinhas lhes sussurraram alto uma vez, quando ainda éramos todos uns dos outros. Engomada a camisa, vestimo-nos com o cuidado solene daqueles que vestem camisas com emoção e significado enquanto esperam a hora certa para morrer ou nascer. ~
Todas as pessoas sozinhas todas as pessoas sozinhas embrulhadas em lençóis frescos porque é Verão a rebolar as dores de pescoço pelas duas almofadas da cama e a pensar que de tanto dormir assim sem ninguém vai ser difícil voltar a adormecer só num dos cantos do colchão.
Todas as pessoas sozinhas todas as pessoas sozinhas.

Luís Filipe Cristóvão

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