sexta-feira, 21 de setembro de 2007


... sei tudo o que há a saber sobre as mulheres. Resume-se a isto: em todas, sem exepção alguma, encontram-se duas constantes: uma expectativa que não revelam, e uma decepção, de que não se queixam. E não digo mais nada. Não é preciso.
Pedro Paixão

terça-feira, 18 de setembro de 2007

"Não sei fingir que amo pouco quando em mim ama tudo." Virgílio Ferreira


" O amor nunca é uma depedência, é uma abundância e parece que nós continuamos a viver o amor por carência. Metemos no amor tudo o que não sabemos onde meter. Metemos no amor a solidão, a afirmação pessoal. (...) sou contra as mulheres que precisam de um homem para se afirmarem (...)"
Inês Pedrosa, Nas tuas mãos


"Prefiro esquecer, esquecer-te até se preciso for, para viver como tu vivias, apreciando cada momento - sobretudo os dolorosos, pela lucidez que trazem como bónus - desta tão precária maravilha a que chamamos existência. Tantas vezes te aconselhei as virtudes do silêncio. Queria calar-te para te proteger, sim. Há poucas pessoas apetrechadas para a verdade - mesmo nós, quantas vezes não fechámos à chave umas verdadezitas mais cobardes para não nos magoarmos? Creio que me fazes - schiuuu! - assim, com um vagar de embalo, sempre que a voz da minha consciência ( seja lá isso o que for) sobe o tom para me acusar pelo que não te dei. Creio sem crer, como um condenado. Afinal de contas, não tenho nada a perder. Mesmo que os anjos não existam, as asas com que te vejo, sentada na beira da minha cama, do cume enlouquecendo da minha insónia, ficam-te melhor do que todas as toilettes. Esforço a imaginação, estendo-a até aos teus dedos, mas não consigo mais do que um ligeiro raçagar de asas. São lençóis que agito, bem sei - mas não me concederás a graça de transformar a fímbria do meu lençol na ponta dos teus dedos?"
Excerto do livro de Inês Pedrosa, Fazes-me Falta


O filme mais triste que alguma vez vi.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007




“- Para te dizer a verdade, filha, os psicanalistas metem-me medo, por ainda não ter encontrado um que tivesse sentido do humor.
- Queres dizer – perguntou a Ava, pasmada – que nunca tiveste um psicanalista?
- Tive e tenho. A Corona portátil número três. Esse tem sido o meu analista. Vou dizer-te uma coisa: embora não seja um fiel da análise, passo uma porção do tempo a matar animais e peixes para não me matar a mim. Quando um homem está em revolta contra a morte,como eu, sente prazer de se apossar de um dos atributos divinos: o poder de dar.
- Isso é profundo de mais para mim, Papá.”



Conversa entre Hemingway e Ava Gardner reproduzida no livro “Hemingway” de A.E. Hotcher

segunda-feira, 10 de setembro de 2007




A confiança fortalece-se quando o diálogo e a interacção não se baseiam em falsos assentimentos e condescendências, mas numa atitude de responsabilidade e autenticidade. Uma resposta pela negativa pode romper um vínculo, mas estabelece um compromisso de sinceridade, de respeito por nós e pelos outros.
Autor: Cláudia Freitas

sexta-feira, 7 de setembro de 2007


Fogem para o lugar dos sonhos.
Fica perto do coração.


É seguro estar lá.
Os fantasmas dissipam-se e “arrumados bem longe” permitem visões mais saborosas…

Almas irrequietas.

“Estás mais perto de ti?
Nestes braços?
No meu amor?”


Procura
Onde fica o teu lugar?
Dizes em desespero
“Onde fica o meu lugar?”

Esperas longas

silenciosas…

“Tem calma.
Ainda é dor em ferida viva!”

Fogem para o lugar…
Onde há calor, a pedido de nada em troca.
Tão somente palavras amontoadas procurando conquista de libertação.

Corpos quentes,
um encontro
a possibilidade de tudo desaparecer e ficar mais leve,
perante as inquietudes
os dias indistintos
as noites pesarosas
A frustração
O desânimo

Dizes-me palavras soltas - a representação verbal dos que sentes,
trazem a amargura dos dias
(intercaladas com o choro compulsivo e descoordenado)
em lamentos e corrosivas faces do desespero
a tua mente inquieta e o sofrimento atroz.

É uma busca dolorosa.
… Esta dor sem amor-próprio

A resposta no som de uma única música,
Ou na mensagem que não chega,
E no fim de mais um dia, uma noite assombrada.
Nada mais tem importância para TI …



Começo hoje a escrever um diário.

Tem sido tarefa difícil.
Pensei na história pelo fim, mas o fim não sei qual é…
Esforço-me e as ligações neuronais estão em furor, prestes a rebentar; franzo as sobrancelhas e acumulam-se as expressões em rugas, estão cada vez mais demarcadas.
O sol…
O sol também não ajuda. Canso-me rápido. Ainda não será hoje.




Por detrás dos óculos de sol ninguém vê a morte dos meus olhos – encerrados por muros imaginados e fadiga diária – impedem-me de observar o mundo tal como ele é.
Como será que é?
Será melhor assim? Não ver luz e cor? Apenas sentir?
Ora vejamos,
Posso estar distraído e ninguém sabe, impossibilito qualquer um de apreciar o meu estado de humor
(alma encerrada dentro – apenas – em mim)
Ser cego não me impede de ser o que realmente desejo – ser livre.
Tenho uma vida como a “dos comuns visuais”: tenho uma família, que sempre me ajudou na conquista de autonomia – que alcanço a cada dia que passa; levam-me à carrinha que me transporta mesmo até à porta do emprego. Desenvolvo projectos. Crio-os. Planifico-os. Executo-os. Sinto-me realizado a nível profissional, é uma conquista diária…
Não vou escrever desilusões: entristecer-me voluntariamente, não vou.

Perguntaste-me se não me recordava de ti. Eu disse-te que sempre foi mais fácil aos outros me reconhecerem, que eu a eles. Mas sim, lembro-me de ti… Foste tu quem me salvou.
Um lago imenso à minha frente.
(Não te disse que o meu verdadeiro desejo era mesmo desaparecer nele, sentir toda aquela água invadir-me…)
A tua força elevou-me.
De novo. O vento.

Porque me salvavas?...

Nunca cheguei a sabê-lo…

Hoje trabalhas comigo. Continuamos a almoçar. Às vezes. Junto ao mar.

No lago, as maçãs caem, em intervalos imprecisos, no chão que piso e que tu pisas a meu lado.
Uma nova página
(oiço-te folheá-la),
do livro comprado em desconto na livraria em que trabalhas ao fim do dia.
É uma estranha paz esta.
O som dos patos. A imagem das cores. A tua companhia.
“O amor está no que menos esperamos…”


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